quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Mercado de orgânicos brasileiro cresce devido a novos hábitos e proteínas

A mudança nos hábitos alimentares da população superou a crise econômica para o setor de orgânicos. A estimativa prévia é de que o segmento tenha encerrado 2016 com ganhos de 15% em faturamento e a expansão da proteína animal é o foco da cadeia.
A atualização mais recente sobre o número de unidades produtivas de itens agroecológicos registrados no Ministério da Agricultura, realizada em dezembro passado, aponta um incremento de cerca de 30% em relação ao ano anterior. Atualmente, são mais de 14 mil fabricantes desse topo matéria-prima no País.
"Houve intensificação na produção de carne e lácteos. Com isso, surge uma demanda para milho e farelo de soja também orgânicos para alimentar os animais, dando sustentação para a cadeia", conta o presidente do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), Ming Liu. O executivo acredita que o setor tenha atingido R$ 3 bilhões em receitas no ano passado, contra R$ 2,6 bilhões em 2015.
Uma saída para manter o desempenho desse mercado no azul foi a comercialização em feiras livres específicas. Ao todo, o País já conta com 641 feiras, cuja concentração está no eixo Sul-Sudeste, com 445 unidades, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
"As feiras vieram como uma alternativa econômica para a manutenção do consumo no momento em que o varejo estava em crise", explica Liu. "Neste tipo de comércio, você encontra produtos que geram remuneração até 30% maior do que o valor convencional", acrescenta o diretor da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), José Estefno Bassit.
De modo geral, a expectativa é extremamente positiva para o setor. Estima-se que no Brasil o consumo desta linha de produtos gire em torno de 1% da demanda total por alimentos. Nos Estados Unidos, conhecido pelos altos níveis de obesidade e alimentação em fast foods, este percentual representa 10%.
Segundo o presidente da Organis, a agroindústria processadora já identificou este potencial de crescimento e as intenções do consumidor e cada vez mais geram demandas de matéria-prima. Este seria mais um fator que dá fôlego tanto para o surgimento de novos produtores de orgânicos, quanto da conversão da produção convencional.

Mercado paulista

Para melhorar a mensuração dos resultados paulistas - um dos mercados mais relevantes da cadeia - o Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, vai divulgar, a partir deste ano, um levantamento periódico de preços da produção de orgânicos e dados estatísticos sobre a agricultura familiar.Conforme informações do governo paulista divulgadas nesta semana, o material será produzido em conjunto com as Coordenadorias de Assistência Técnica Integral (Cati) e de Desenvolvimento de Agronegócios (Codeagro) e vai servir de base para ações de segurança alimentar.
O diretor da AAO acredita que São Paulo conta com cerca de 30 feiras livres para o segmento agroecológico. No município de Joanópolis (SP), Bassit produz chás, frutas desidratadas, geleias e molhos de tomate e obtém um faturamento de R$ 150 mil mensais. "Para o Brasil sou um médio agricultor. Nos Estados Unidos eu seria um micro", pondera.

Cenário global

Em 2016, o mercado de orgânicos movimentou US$ 80 bilhões no mundo inteiro. Na Alemanha, por exemplo, 25% de toda a demanda por alimentos é atendida pelo segmento. Há rumores de que na Dinamarca o objetivo é converter 100% da produção para orgânica em cinco anos.
"Há um movimento global de modificação nos hábitos alimentares na direção de comidas mais saudáveis", comenta Bassit, da AAO. Liu, que também é presidente da Organics Brasil - projeto de fomento em parceria com a Apex-Brasil - destaca que a sociedade mantém o consumo no intuito de prevenir problemas de saúde.Neste contexto, o Brasil dobrou seu faturamento de exportação no setor em cinco anos, ao bater US$ 160 milhões em 2015.


Fonte: DCI

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