A
mudança nos hábitos alimentares da população superou a crise econômica para o
setor de orgânicos. A estimativa prévia é de que o segmento tenha encerrado
2016 com ganhos de 15% em faturamento e a expansão da proteína animal é o foco
da cadeia.
A
atualização mais recente sobre o número de unidades produtivas de itens
agroecológicos registrados no Ministério da Agricultura, realizada em dezembro
passado, aponta um incremento de cerca de 30% em relação ao ano anterior.
Atualmente, são mais de 14 mil fabricantes desse topo matéria-prima no País.
"Houve
intensificação na produção de carne e lácteos. Com isso, surge uma demanda para
milho e farelo de soja também orgânicos para alimentar os animais, dando
sustentação para a cadeia", conta o presidente do Conselho Brasileiro da
Produção Orgânica e Sustentável (Organis), Ming Liu. O executivo acredita que o
setor tenha atingido R$ 3 bilhões em receitas no ano passado, contra R$ 2,6
bilhões em 2015.
Uma
saída para manter o desempenho desse mercado no azul foi a comercialização em
feiras livres específicas. Ao todo, o País já conta com 641 feiras, cuja
concentração está no eixo Sul-Sudeste, com 445 unidades, de acordo com um
levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
"As
feiras vieram como uma alternativa econômica para a manutenção do consumo no
momento em que o varejo estava em crise", explica Liu. "Neste tipo de
comércio, você encontra produtos que geram remuneração até 30% maior do que o
valor convencional", acrescenta o diretor da Associação de Agricultura
Orgânica (AAO), José Estefno Bassit.
De
modo geral, a expectativa é extremamente positiva para o setor. Estima-se que
no Brasil o consumo desta linha de produtos gire em torno de 1% da demanda
total por alimentos. Nos Estados Unidos, conhecido pelos altos níveis de
obesidade e alimentação em fast foods, este percentual representa 10%.
Segundo
o presidente da Organis, a agroindústria processadora já identificou este
potencial de crescimento e as intenções do consumidor e cada vez mais geram
demandas de matéria-prima. Este seria mais um fator que dá fôlego tanto para o
surgimento de novos produtores de orgânicos, quanto da conversão da produção
convencional.
Mercado
paulista
Para
melhorar a mensuração dos resultados paulistas - um dos mercados mais
relevantes da cadeia - o Instituto de Economia Agrícola (IEA), ligado à
Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, vai divulgar, a partir
deste ano, um levantamento periódico de preços da produção de orgânicos e dados
estatísticos sobre a agricultura familiar.Conforme
informações do governo paulista divulgadas nesta semana, o material será
produzido em conjunto com as Coordenadorias de Assistência Técnica Integral
(Cati) e de Desenvolvimento de Agronegócios (Codeagro) e vai servir de base
para ações de segurança alimentar.
O
diretor da AAO acredita que São Paulo conta com cerca de 30 feiras livres para
o segmento agroecológico. No município de Joanópolis (SP), Bassit produz chás,
frutas desidratadas, geleias e molhos de tomate e obtém um faturamento de R$
150 mil mensais. "Para o Brasil sou um médio agricultor. Nos Estados
Unidos eu seria um micro", pondera.
Cenário
global
Em
2016, o mercado de orgânicos movimentou US$ 80 bilhões no mundo inteiro. Na
Alemanha, por exemplo, 25% de toda a demanda por alimentos é atendida pelo
segmento. Há rumores de que na Dinamarca o objetivo é converter 100% da
produção para orgânica em cinco anos.
"Há
um movimento global de modificação nos hábitos alimentares na direção de
comidas mais saudáveis", comenta Bassit, da AAO. Liu,
que também é presidente da Organics Brasil - projeto de fomento em parceria com
a Apex-Brasil - destaca que a sociedade mantém o consumo no intuito de prevenir
problemas de saúde.Neste
contexto, o Brasil dobrou seu faturamento de exportação no setor em cinco anos,
ao bater US$ 160 milhões em 2015.
Fonte: DCI
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