A colocação no mercado consumidor de um leite orgânico produzido por agricultores familiares do oeste do Estado, em bases técnicas do sistema agroecológico, é uma das metas do projeto Redes de Referências. Desenvolvido há 11 anos pelo Governo do Paraná, participam extensionistas do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e produtores rurais. O engenheiro agrônomo Sérgio Luiz Carneiro, extensionista e integrante da coordenação estadual do projeto, na Emater, e o pesquisador Rafael Fuentes Llanillo do Iapar, comentaram que o trabalho nas propriedades que adotam princípios agroecológicos pretende melhorar a renda e a qualidade de vida no campo.
No assessoramento técnico da produção do leite orgânico há uma equipe coordenada pelo pesquisador do Iapar, Márcio Miranda, e dos extensionistas da Emater, Urbano Teobaldo Mertz e Márcia Vargas Toledo, executando o subprojeto Geração de Referências para Consolidação da Agricultura Orgânica do Oeste do Paraná, com a participação multidisciplicar e interinstitucional da Seab, Unioeste, Universidade Sem Fronteiras / Seti, cooperativa Capas, Biolabore e Itaipu Binacional. O projeto começou com a caracterização regional, tipificação, escolha dos sistemas produtivos e seleção das propriedades de referências. Na semana passada, em Marechal Cândido Rondon, 20 participantes se reuniram para analisar os indicadores diagnosticados por bolsistas e da experiência adquirida da assistência técnica e dos próprios agricultores colaboradores.
Como decorrência, planejaram as ações que possam promover a melhoria dos sistemas agroecológicos da produção leiteira regional, buscando definir os casos típicos, que darão subsídios às difusões técnicas, demandas de pesquisas e políticas públicas. Dois sistemas foram analisados na reunião: um composto de cinco agricultores mais tecnificados com produção acima de 3,7 mil litros de leite mês e o outro, de cinco com menor tecnificação e produção abaixo de 2,2 mil litros mês, passando por enfoques de qualidade de vida, categoria social, diversificação das atividades produtivas, uso e ocupação do solo das propriedades rurais e, principalmente ênfase em todos os componentes relacionados a produção leiteira.
Dos problemas listados, tomam corpo e se tornam importantes aqueles que elevam os custos de produção, ou seja: pastagem de baixa qualidade; dependência de insumos externos para alimentação do rebanho; baixa produtividade leiteira do rebanho, seja pela falta de alimento, qualidade genética do rebanho, sanidade e conforto dos animais. Fazem parte ainda as questões de qualidade do leite ordenhado em instalações e equipamentos inadequados, falta de recursos financeiros para investimentos e até mesmo a inexistência de estrutura na região para processamento de leite orgânico.
Segundo o engenheiro agrônomo Urbano Mertz, da Emater de Marechal Cândido Rondon, integrante das Redes, desde seu retorno do curso de mestrado em Desenvolvimento Rural, no ano 2000, os participantes do leite orgânico são 24 produtores colaboradores das Redes envolvendo mais de uma dezena de municípios da região de Toledo e Cascavel. Adotando diferentes estágios e quantidade de princípios técnicos agroecólogicos e na produção leiteira existem 10 casos típicos acompanhados há cinco anos. Urbano cita como referência o casal Vilson e Beatriz Derlan, da Linha Doutor Ernesto, município de Toledo, onde na área de 7,26 hectares, com piqueteamento de pasto tifton e pioneiro criam 14 vacas em lactação e mais cinco novilhas, produzindo a média de 8,8 litros de leite por dia, no custo médio de produção de R$ 0,19 o litro.
Utiliza homeopatia para controle da mastite, carrapato e melhoria da fertilidade das fêmeas e obtém qualidade no leite ordenhado com baixo índice de células somáticas, sem descuidar da produção de olerícolas, soja e milho - lavouras estas em conversão e liberar área na formação de pasto. O pesquisador Miranda aponta a existência de 900 propriedades adotadoras de procedimentos técnicos orgânicos no Oeste do Paraná e garante que “a evolução no leite tem o agravante da limitante de mercado que ainda não remunera e nem diferencia a produção leiteira agroecológica”.
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