
"O Brasil tem um trabalho de cooperação com o Haiti, bem anterior ao terremoto, para diminuir a pobreza local. A agricultura orgânica é um modelo de desenvolvimento sem a dependência de insumos externos, já que todo o sistema é desenvolvido na própria propriedade e perfeito para países tropicais", destaca o coordenador do Mapa. Além de melhorar a qualidade do leite, esse tipo de produção prioriza o bem estar animal e gera benefícios sociais e ambientais, pois exige que os trabalhadores do campo observem esses critérios para a obtenção dos produtos.
Segundo ele, a preocupação forte com as mudanças climáticas e conservação da biodiversidade têm incentivado o desenvolvimento da agricultura orgânica ancorada em algo que agora precisa ser trabalhado na agricultura como um todo. "Hoje, a produção orgânica nacional atende principlamente o mercado interno e precisa de um volume maior para chegar ao mercado externo, mas tem grande potencial para isso" observou.
No caso do leite orgânico e seus derivados, explica Dias, são produtos nobres e muito consumidos especialmente nos Estados Unidos, países da União Européia e Japão. De acordo com o coordenador do MAPA, o Brasil passou a ter referências mais fortes de padronização da nomenclatura e definição de normas de produção de orgânicos no final da década de 80 e começo dos anos 90. E foi principalmente na última década que a demanda do mercado interno por orgânicos cresceu bastante. De acordo com Dias, a produção de leite orgânico no país ainda é pequena e a falta de dados sobre a produção orgânica no Brasil está com os dias contados. "A lei que regulamenta os orgânicos no país definiu o dia 31 de dezembro de 2010 como prazo para que os produtores façam o cadastramento. Após essa data saberemos exatamente quantos são os produtores, onde eles estão localizados, tipo e quantidade de produção", explica Dias.
"A produção vegetal cresceu mais que a animal, mas a produção de leite orgânico e seus derivados também avançou. Algumas propriedades produzem leite orgânico há mais de 20 anos", afirma Dias.É o caso da Fazenda São José, em Santo Antônio de Posse, município a 150 quilômetros de São Paulo, que iniciou a produção de leite orgânico há exatos 20 anos. Hoje, os irmãos e proprietários da fazenda, Roberto e Eduardo Machado, produzem 250 litros diários de leite que são processados na agroindústria instalada na fazenda e viram produtos como queijos, ricota, manteiga, mussarela, iogurte e requeijão.
Os produtos são vendidos diretamente ao consumidor em feiras orgânicas em Campinas e São Paulo e também para supermercados. Apesar de ainda produzir uma quantidade pequena, os produtores acreditam ser possível chegar ao mercado externo. "Existe um consumo crescente de orgânicos no mundo. Não é um plano para curto prazo, mas acredito ser viável aumentarmos as exportações e buscar clientes também no mercado externo", afirma Eduardo Machado.
Produção
Leite orgânico é, basicamente, um leite produzido sem a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos na produção dos alimentos que a vaca consome. Além disso, a vaca não pode receber hormônios para uma maior produção e nem os medicamentos usuais na produção convencional.
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