terça-feira, 17 de agosto de 2010

Algodão colorido da Paraíba terá selo de procedência

Os produtos têxteis feitos de algodão colorido da Paraíba receberão um investimento de R$ 200 mil para elevar sua produção e competitividade. O projeto da Coopnatural, formada por 35 cooperados de Campina Grande, foi um dos selecionados pelo Sebrae nacional para o Indicações Geográficas Brasileiras, após a solicitação do registro de produto com identidade regional. Indicação Geográfica é a identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada característica e qualidade podem ser vinculadas essencialmente a esta questão.
É uma garantia quanto à origem de um produto, já que deve ser produzido sob determinadas regras. “Fazer parte dessa seleção dá notoriedade à região”, ressaltou o gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae-PB, Fernando Ronaldo Araújo. Ele acrescentou que o Sebrae Paraíba estimulou empresas locais a participarem da seleção dos projetos. Além dos têxteis de algodão colorido, outros produtos paraibanos também estão sendo trabalhados para o Indicações Geográficas, como a renda renascença do Cariri, o arroz vermelho do Sertão, a carne de sol de Picuí e o labirinto da região de Chã dos Pereira.
Para a presidente da Coopnatural, Maysa Gadelha, essa seleção é de extrema importância para a Paraíba. “Vamos ter um produto com a nossa identidade e referenciado no mundo inteiro. Vamos mostrar para o mundo que o algodão colorido da Paraíba tem um selo que certifica a sua qualidade”, completou. Dentre as ações do projeto da Coopnatural estão o registro da marca nos Estados Unidos e em países da Europa, o planejamento estratégico de marketing, a criação de um manual de identidade visual, uma pesquisa de mercado, dentre outras. O interesse pelo registro de Indicações Geográficas é cada vez maior no Brasil. Vinte e quatro pedidos estão em análise no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O volume é três vezes maior que o número de autorizações concedidas pelo órgão desde 2002, quando foi autorizada a primeira região com a denominação, a do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.

12 territórios brasileiros selecionados

Ao todo, 12 territórios foram selecionados dentro da Encomenda de Projetos de Apoio à Gestão das Indicações Geográficas Registradas e Depositadas. O Sebrae vai liberar R$ 1,7 milhão. São cinco territórios que já têm o registro: Vale dos Sinos, produtor de couro acabado; Paraty, fabricante da cachaça; Vale dos Vinhedos e Pinto Bandeira, que fabricam vinho; e Cerrado Mineiro, que produz café.
E outras sete regiões vão receber o apoio para desenvolverem seus projetos: Goiabeiras (panela de barro), Litoral Norte Gaúcho (arroz), Pelotas (doces tradicionais e confeitaria de frutas), Cachoeiro (mármore), Norte Pioneiro do Paraná (café), Costa Negra (camarão) e Paraíba (têxteis de algodão naturalmente colorido). Os valores individuais concedidos para cada região vão variar de R$ 50,8 mil a R$ 200 mil. Os produtores têm 24 meses para executar os projetos e implementar as ações previstas. Do valor total liberado pelo Sebrae, 50% estará disponível nos próximos dias. A outra metade será liberada em 2011, após a comprovação da execução de, no mínimo, 80% da primeira parcela.

O algodão colorido da Paraíba

O algodão colorido da Paraíba, chamado também de “algodão ecologicamente correto”, ganhou o mundo e o interesse de vários investidores e pesquisadores. O apelo ambiental da nova tecnologia foi o principal fator para agregar valor internacional ao desenvolver um produto sustentável, com apelo ético e com responsabilidade socioambiental. Diferentemente do algodão branco convencional, o algodão colorido, desenvolvido pela Embrapa Algodão, vem de uma semente modificada plantada sem produtos químicos que origina a fibra com variações naturais de cores como verde e marrom e não provoca alergia.
A certificação do algodão colorido orgânico da Paraíba segue o padrão da International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam) e atende à legislação de produtos orgânicos da Comunidade Européia e dos Estados Unidos. A Coopnatural, fundada no ano 2000, gera em torno de 850 empregos diretos e indiretos e suas vendas para o mercado exterior representam 40% do total. A cooperativa trabalha desde o plantio do algodão colorido até a produção dos fios que trançam as peças de roupas que fazem uma releitura da cultura nordestina vinculada às tendências da moda internacional

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