Embora chegue à gôndola dos supermercados ou nas feiras agroecológicas custando em média 20% mais caro que os produtos cultivados com insumos químicos, os hortifrutigranjeiros orgânicos estão conseguindo aumentar cada vez mais o seu universo de consumidores, como também o número de áreas destinadas ao seu cultivo. Com o objetivo de levar para a população os efeitos positivos dos alimentos orgânicos para a saúde, além de seus benefícios ambientais, sociais e nutricionais, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) promove de hoje até o dia 31 de maio a 5ª Semana dos Alimentos Orgânicos em 24 estados e no Distrito Federal. No Rio Grande do Norte, o evento acontece pela segunda vez e a abertura oficial foi no início da manhã, no auditório do Sebrae-RN.
Durante toda a semana, distribuição de folheteria acontece nos principais supermercados da capital e em Mossoró, além de palestras e oficinas. De acordo com a fiscal federal agropecuária Sara Hoppe Schroder, a campanha é de esclarecimento para a população consumidora, mostrando que além da interferência de produtos externos (insumos químicos) no cultivo das hortaliças e outros produtos, é fundamental a valorização do produtor, as condições de trabalho e os benefícios com a saúde. "Estudos indicam que produtos orgânicos apresentam mais antioxidantes", diz e destaca o valor nutricional. A venda de produtos orgânicos também garante a permanência de várias famílias no campo.
Segundo Sara Schroder, uma nova legislação estabelece três critérios para que o produto seja certificado como orgânico. Anteriormente, apenas um certificado emitido através de empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura viabilizava essa condição ao produtor, acarretando ônus e impedindo, em muitas situações, que pequenos agricultores comercializassem sua produção com o certificado. Agora, um "Sistema Participativo de Garantia" e a "Venda Direta" vão garantir novas formas de certificação. No caso do Sistema Participativo de Garantia, um grupo se reúne estabelecendo critérios de avaliação. "Nesse sistema, cada um fiscaliza o outro parceiro", estabelecendo um clima de cooperação entre o grupo e de controle de qualidade. Na "Venda Direta" o produtor ou alguém da família atua como vendedor no comércio, principalmente nas feiras livres, garantindo ele próprio a certificação. "Ele vai para a feira e garante: esse produto eu cultivei de forma orgânica", destaca Sara.
Questionado a respeito do público consumidor, a fiscal federal agropecuária destaca que a maioria ainda é formada por pessoas com um melhor padrão sócio-econômico e cultural, destacando a finalidade da campanha em fomentar na população o conceito de que o produto orgânico é saudável e mais nutritivo. Proprietário de um sítio, Marcos Senna participou em 1995 de um curso promovido pelo Sebrae-RN e desde então enveredou pelo caminho da produção orgânica. Ele destaca que embora o produto chegue ao mercado com um custo 20% mais caro que os convencionais, os benefícios para quem produz e consome são significativamente maiores.
Senna destaca inclusive, que nesse período do ano, devido às chuvas, o produto orgânico está com o preço praticamente igual ao convencional, momento propício para quem pretende consumir orgânicos. Questionado com relação ao lucro, para quem produz orgânicos, Marcos Senna disse que um dos grandes problemas é o fato do produto ter um custo alto para chegar às gôndolas dos supermercados.
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