segunda-feira, 18 de julho de 2011

Produção de orgânicos não atende à demanda de consumo no Ceará

Encontrar frutas e hortaliças produzidas sem utilização de fertilizantes industrializados e de agrotóxicos nas prateleiras dos supermercados na maior parte do interior do Ceará não é fácil. A demanda é superior à oferta. Em muitos deles os alimentos ecologicamente corretos estão disponíveis apenas alguns dias da semana. Para garantir assistência à clientela, muitos varejistas vão buscar os produtos em Fortaleza, na Central de Abastecimento (Ceasa). Embora em média 30% mais caros, a preferência pelos orgânicos vem aumentando. Apesar da procura, somente 27% dos supermercados do País vendem esses produtos. Os dados são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
A Associação Cearense de Supermercados (Acesu), filiada a Abras, ainda não tem levantamentos da situação real no Estado, todavia, confirma e segue o perfil nacional apontado pela Abras. Conforme o secretário da Acesu, Carlos Brito, no Ceará apenas o grupo Pão de Açúcar tem suporte para atender sua cadeia de lojas. Produz os seus próprios alimentos orgânicos, no Maciço do Baturité. Atualmente, a Acesu conta com 360 associados em todas as regiões do Ceará. Mas o número de supermercados é bem maior. São mais de 30 redes. Cada uma delas possui em média 25 unidades de comércio varejista, acrescenta Brito.
Em Quixadá, onde se concentra a maior área comercial do Centro do Estado, a maior rede individual do setor, os Supermercados São Geraldo, tem atualmente apenas a alface disponível nas suas prateleiras. Todos os dias funcionários do São Geraldo viajam para o Ceasa. Segundo o gerente Ângelo Nazareno, é o local mais próximo para adquirir a mercadoria especial. "Certo é apenas o fornecimento de poucas hortaliças. O resto é convencional mesmo". Não há como garantir constância de variedade para a clientela, embora a procura esteja aumentando. Para ele, ainda vai demorar um pouco até os orgânicos "deslancharem" no interior.
O grupo chegou a adquirir por algum período uma diversidade de verduras, legumes e até frutas orgânicas. O fornecedor desapareceu. Conforme o gerente, pequenos produtores até procuraram o supermercado, todavia não demonstraram ter suporte para assegurar o fornecimento contínuo dos produtos. Foi melhor não fechar negócio. Para atender as três lojas é necessário ter estrutura logística. Aproximadamente 10 toneladas de frutas e hortaliças são comercializadas semanalmente. Quanto aos preços, os consumidores são conscientes do acréscimo de 20 a 30% acima do valor de mercado em relação aos produtos comuns.

Investimentos

O gestor comercial da Associação de Mercadinhos de Quixadá (Ameq), Falconieris Araújo, também sente o problema. Nos 16 mercadinhos filiados à Ameq, dos orgânicos, há apenas a alface hidropônica como opção e "não tem para quem quer". Na opinião dele, é preciso acelerar os investimentos e o incentivo nesse tipo de produção. Mercado existe e a tendência é aumentar. Por meio da mídia, as pessoas ficam mais informadas a respeito dos agrotóxicos e se preocupam mais com a própria saúde.
Os orgânicos estão sendo cada vez mais procurados. A dona-de-casa Anunciada Rodrigues Ferreira confirma o interesse pelos orgânicos. Lamenta não existirem nos supermercados da cidade. Consciente dos benefícios à saúde, compra quando vai a Fortaleza. Traz feira completa, pelo menos uma vez por mês. Diferença nos preços, em média apenas 10%. Para ela, se o comércio desses alimentos se normalizarem na sua cidade os preços vão cair.


Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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