O avanço desses movimentos de agricultura orgânica e das suas repercussões práticas foi barrado, a princípio, em função do forte lobby da agricultura química, ligada a interesses econômicos expressivos. Além dos adubos, um outro tipo de produtos químicos, os “cidas” - inseticidas, fungicidas e herbicidas - que conseguem matar os insetos, os fungos e as ervas daninhas que incomodam os agricultores, haviam sido desenvolvidos e estavam sendo comercializados e utilizados por todos.
O que ocorreu é que as tecnologias que tinham sido desenvolvidas durante as Guerras Mundiais foram vistas como muito úteis para a produção agrícola. Por exemplo: o produto químico nitrato de amônio, que era usado como munição, se tornou um fertilizante eficaz; os organofosforados usados na fabricação de gás foram utilizados mais tarde como inseticida; a partir do agente laranja utilizado como desfolhante na Guerra do Vietnã, desenvolveram-se os herbicidas, que controlam as plantas invasoras das culturas. Abriu-se espaço para um novo e lucrativo mercado.Com esses recursos, as propriedades agrícolas começaram a obter produções incríveis.
A química dava ao homem um poder imenso diante das adversidades da natureza que, por séculos, fizeram parte do dia-a-dia da vida no campo. Tudo muito fácil e muito simples: se a terra está cansada, não é preciso recuperá-la, basta aplicar adubo químico na planta; se a formiga aparece, você joga veneno na lavoura; se é doença de folha, aplica-se o fungicida etc, etc. Esses produtos passaram a ser utilizados em larga escala, a agricultura tornou-se completamente dependente da indústria de agroquímicos.A utilização de inseticidas se expandiu inicialmente nos países industrializados, já sendo corrente no final da década de 1950 nos EUA, na Europa Ocidental e no Japão. Ocupados esses mercados, a expansão foi orientada para os países pobres, sobretudo para aquelas culturas que pudessem pagá-los. No Brasil, a grande expansão do uso de inseticidas ocorreu apenas nos anos de 1970, vinculada ao crédito rural subsidiado, quando a liberação do crédito foi condicionada à utilização dos agrotóxicos.
A consciência ecológica
No início dos anos 1960, a publicação do livro Silent Spring, em português “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, chamou a atenção da opinião pública para os danos que a utilização de inseticidas estava causando ao ambiente, inclusive a grandes distâncias das áreas de aplicação. Nas décadas de 1970 e 1980, sucedem-se as constatações da poluição generalizada no planeta e as conseqüentes ameaça de extinção de vários animais como os ursos polares no Ártico e exaustão iminente das reservas de importantes recursos naturais. A poluição dos ecossistemas havia atingido tais proporções que ameaçava as bases de sustentação da vida. A contaminação das águas doces e dos oceanos, a diminuição da camada de ozônio, o comprometimento das cadeias tróficas, os resíduos de agrotóxicos no leite materno e na água das chuvas, as chuvas ácidas, tudo isso não eram mais especulações ou alarmismo, mas fatos concretos e devidamente documentados. A agricultura, em particular, tornara-se a maior fonte de poluição difusa do planeta.
A situação era claramente insustentável.Para os organismos internacionais, especialmente as Nações Unidas, a postura predominante até o início dos anos 1970 era a de que toda a contestação ao modelo agrícola convencional era improcedente. Contudo, o acúmulo de evidências em contrário foi obrigando a uma mudança da postura oficial. Na seqüência de Conferências da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1972, 1982 e 1992, foi se tornando cada vez mais evidente que tanto o padrão industrial quanto o agrícola precisavam de mudanças urgentes.Com a consciência ecológica, nos anos 1980 e 1990, a proposta de uma agricultura sustentável ganha força, entre os produtores e os consumidores e governos.Para o grande público, até o final da década de 1970, o termo ecologia não existia. Com a crescente conscientização da magnitude dos problemas ambientais, o termo passou a ser reconhecido com facilidade, sempre associado à preservação ou recuperação do meio ambiente e à saúde das pessoas. Os produtos orgânicos, por serem identificados como ecológicos, começaram a ser muito bem aceitos pelo mercado e as iniciativas de produção orgânica passaram a ser muito bem sucedidas.
No Brasil se diversificaram os setores interessados nos métodos orgânicos. Na década de 1970, eram quase que exclusivamente os alternativos. Na década de 1980, somaram-se os movimentos ligados à agricultura familiar, e, em parte, o movimento ambientalista. A partir de meados da década de 1990, o interesse mais evidente passou a vir do mundo empresarial, especialmente de supermercados e de produtores rurais mais capitalizados.
Olá professor Décio. Parabéns pela reportagem, precisamos divulgar mais os produtos orgânicos,com isso também estamos preservando o nosso planeta. E acabar com os tragênicos e os agrotóxicos e os químicos que esta acabando com a saúde dos humanos e dos animais, poluindo água solo e também o ar.
ResponderExcluirOlá Profº Décio. sou Técnico em Agropecuária e Licenciando em Ciências Agrárias, sempre fui defesor da produção de alimentos saudáveis e do Meio Ambiente. pois gostaria de trocar conhecimeotos com Técnicos e Produtores Orgânicos
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