A produção de alimentos orgânicos na região ainda é pequena e a maioria dos agricultores não depende exclusivamente desse tipo de cultivo como fonte de renda. Um exemplo de insistência na agricultura orgânica, porém, é do aposentado Rogério Magagna, de 63 anos, que cultiva hortaliças, cenoura e tomates orgânicos em sua propriedade, em Araçoiaba da Serra. Iniciada há 20 anos para consumo familiar e transformada em negócio há seis anos, a produção demanda 100% de atenção do agricultor que, segundo ele mesmo, é "teimoso e sofredor".
Magagna avalia que o mercado está crescendo lentamente. Mas bastante carente de uma conscientização coletiva de que é preferível pagar mais, e comer melhor. Na Alemanha, 100% dos produtos consumidos são orgânicos. Acho que isso aconteceu devido campanhas educativas e incentivo público, do contrário, não seria possível", sugere ele que, depois de perder quatro safras de tomate, acredita que colherá a primeira. "Por isso que digo que sou sofredor e teimoso", brinca ele. Isso porque o agricultor iniciou a produção com experimentações e de metro em metro expandiu o cultivo. "Comecei com hortaliças, avancei nos temperos. Arrisquei legumes, frutas. Idealizei o cultivo de tomates. Perdi várias safras, mas acho que este ano terei uma boa colheita", diz ele.
Atualmente mantém 10 mil metros quadrados da propriedade para a produção de 12 culturas de orgânicos e conta com a ajuda de três funcionários. "Cultivar alimentos sem o uso de agrotóxicos é uma tarefa difícil. Um descuido e a safra é perdida. É preciso acompanhar de perto, é preciso paciência", detalha.
Custo e burocracia
Segundo o aposentado, a falta de proteção dos orgânicos às pragas e doenças, exige determinação no cultivo. "Pelo que percebi aqui, a planta demora a se acostumar ao clima e a resistir às pragas. É preciso desde esterco natural à aplicação de inseticidas naturais, à base de alho e pimenta, por exemplo", explica ele.
O que numa plantação convencional poderia ser feito por apenas uma pessoa, na propriedade de Magagna exige o empenho e dedicação de um grupo. "Com os orgânicos, a colheita demora mais que o convencional, os alimentos não crescem com rapidez. Por isso demanda mão-de-obra e encarece o produto final", afirma o agricultor que também reclama do custo e da burocracia para obter a certificação do governo federal. "O valor encareceu o processo. Penso que para muitos pequenos produtores, a certificação inviabiliza o processo", opina.
Tanto que para comercializar seus produtos, Magagna faz parte da Cooperativa dos Produtores de Alimentos Diferenciados (Copad) de Araçoiaba da Serra e Capela do Alto, que conta com cerca de 80 produtores, sendo três deles de orgânicos. "Eu vendo meus produtos à cooperativa, que por sua vez revende. A cooperativa mantém parceria com o Programa Fome Zero, do governo federal", afirma. Ele também colabora com a barraca da entidade na feira da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) de Sorocaba, que acontece às quartas e sábados. No local, os produtos orgânicos são, em média, 100% mais caros que os convencionais. "Porém, quando tenho muita demanda e com risco de perda, tenho de vender os produtos como convencionais, infelizmente", assume ele, explicando que faz isso para evitar o desperdício.
Fonte: http://portal.cruzeirodosul.inf.br
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