As cachaças orgânicas são uns dos destaques da Bio Brazil Fair (8ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia), que acontece até domingo (27/5), na Bienal do Ibirapuera. De Norte a Sul do país, pequenos produtores estão com exposições e degustação das bebidas na feira. O mercado de cachaça orgânica cresce, em média, cerca de 20% ao ano, acompanhando o ritmo de crescimento do setor de orgânicos. No entanto, os produtores acreditam que os números poderiam ser melhores se não fosse à cultura de discriminação da bebida. "No Brasil, colocam uma imagem muito negativa da cachaça. O brasileiro discrimina o seu próprio produto, enquanto no resto do mundo, quando se fala em cachaça de qualidade, só se pensa no Brasil", explica o gerente comercial da Agroecológica Marumbi, Francisco José de Lima.
A empresa traz para a feira os três tipos da cachaça orgânicaPorto Morretes, produzida no município de Morretes (PN): a branca (recém-destilada), a água-ardente de cana composta de banana, e a ouro, armazenada de quatro a seis anos em barril de carvalho. Os preços das garrafas de 700 ml variam de R$ 35 a R$ 45 durante a feira. Há seis anos, a empresa exporta mais da metada da sua produção para os Estados Unidos, Suíça e Canadá. Só este último país compra 200 mil dos cerca de 400 mil litros da bebida produzida pela empresa. Com uma produção anual que chega até a 150 mil litros de cachaça, o produtor Vidalvo Costa, diretor-presidenteSamanaú, trouxe de Caicó (RN) a bebida orgânica produzida na região pela família.
Os subprodutos da cana-de-açúcar - bagaço, leveduras - e mesmo as cinzas da caldeira são usados como adubo na plantação. A certificação da Orgânica Samanaú veio no início do ano, após sete anos na produção, aumentando a demanda do mercado doméstico, além de abrir portas para a exportação. "Queremos chegar ao final do ano com 80% a 90% a mais de vendas. Estamos fechando contratos para exportação direta, com a criação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE)", afirma Costa. A cachaça prata recém-destilada é processada em alambique de cobre. A ouro é armazenada em tonéis de madeira de louro amarela, típica da Amazônia, e a envelhecida fica seis anos em barris de carvalho. As garrafas têm preços que vão de R$ 20 a R$ 30 cada.
O produtor ensina o truque para apreciar a bebida. "Só se conhece a verdadeira cachaça pela branca. Se há algum erro na cachaça, é na branca que ele aparece", ensina. Ivandro Remus, produtor da cachaça orgânica Velho Alambique, de Santa Tereza (RS), também garante o aumento no mercado. Nos útlimos três anos, a empresa cresceu a produção em cerca de 40%. A empresa familiar produz, em média, 25 mil litros ao ano. "Procuramos fazer um produto diferenciado para apreciadores, agregando valor para se manter e investir na empresa", diz. Em 2007, a cachaça recebeu a certificação, que contribuiu para o aumento de 70% da qualidade do processo de produção. "E isso se refeltiu nas vendas", afirma Remus. A cachaça envelhecida Velho Alambique é armazenada em barril de carvalho, grapa e angico, dando um toque especial no sabor da bebida.
Fonte: http://revistagloborural.globo.com/
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