Como em muitos municípios mineiros, a produção de tomate com uso de agrotóxicos é a mais comum em Arcos, na região Central. Para divulgar formas alternativas de cultivo, a Emater–MG, em parceria com a prefeitura, Epamig, Embrapa Hortaliças, Sicoob União Centro-Oeste, Poder Judiciário, Grupo Guaxinim, entre outros, implantou duas unidades demonstrativas na cidade, seguindo os princípios da agroecologia. Uma das lavouras produz tomate orgânico, sem agrotóxicos e adubos químicos. A outra produz tomates sem agrotóxicos, mas os adubos químicos são permitidos.
Arcos tem cerca de 150 tomaticultores. O município chega a produzir 3.200 toneladas do fruto por ano, dentro do método convencional, em que há aplicação de agrotóxicos registrados para a cultura. Os produtos são utilizados para combater pragas e doenças, porém seu uso desordenado pode causar danos às lavouras, ao meio ambiente e à saúde dos agricultores. Esses problemas podem ser evitados com a implantação dos sistemas alternativos de produção, utilizados nas unidades demonstrativas.
As unidades foram criadas em junho deste ano, após as etapas de análise de solo, tratamento do solo com produtos homeopáticos e adubação verde para melhorar a fertilidade e disponibilidade de nutrientes. As sementes foram adquiridas da Embrapa e as mudas, produzidas nas próprias unidades, com o acompanhamento da equipe de extensionistas do escritório da Emater–MG em Arcos. Também foi utilizada a técnica de plantio direto, em que não é preciso arar nem revolver a terra. As lavouras foram adubadas com compostos orgânicos líquidos e sólidos. As unidades foram cercadas e, ao redor delas, são cultivados girassóis e outras plantas que ajudam a atrair insetos que não danificam as lavouras e que são inimigos naturais das pragas do tomate, explica o extensionista Zenaido da Fonseca.
As duas lavouras cultivam quatro variedades de tomate e a produção total estimada é de 8 toneladas por ano. Segundo Zenaido, nessas duas unidades, o custo de produção ficou 20% menor. “Além disso, temos de lembrar que, nesses sistemas alternativos, os produtores têm uma qualidade de vida melhor, perdem-se menos tomates e obtêm-se produtos mais duráveis e saborosos”, afirma. As lavouras foram implantadas na propriedade de Desedino José Soares. Há 20 anos, a família dele produz tomates pelo sistema convencional. Um dos motivos que levou o produtor a adotar procedimentos agroecológicos foi evitar o contato com agrotóxicos. Há alguns anos, a esposa do agricultor, Sirlene Maria do Carmo Soares, começou a sentir constantes dores de cabeça e mal-estar. A família acredita que esse quadro foi causado pelos agrotóxicos e mudou a forma de cultivo. Hoje dona Sirlene tem acompanhamento médico e já se sente melhor e mais tranquila.
“Agora eu consigo perceber os benefícios do tomate orgânico”, afirma. Além de preservar a saúde da família, Desedino Soares está satisfeito com os resultados da produção e diz que o tomate é valorizado no mercado. “A demanda é grande, e quase não conseguimos atender. Estou pensando em aumentar a produção”.Para estimular a produção agroecológica de alimentos, a Emater–MG, em parceria com a Prefeitura de Arcos, produtores e outros órgãos, pretende criar uma associação de agroecologia. “Nós acreditamos que esse será um passo importante para o município produzir alimentos com qualidade cada vez maior”, conclui o extensionista Irani Muniz.
Fonte: http://www.noh.com.br/
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