O primeiro cultivo de hortaliça protegido na região Centro-Sul do estado do Ceará está em fase experimental, na localidade de Oitis, zona rural do município de Jucás. O objetivo é favorecer o plantio orgânico, protegendo as plantas de pragas e doenças, além de incentivar outros horticultores a seguir o exemplo do produtor rural, Francisco Vando de Souza. Para demonstrar o êxito do projeto, a Secretaria Municipal de Agricultura promoveu um dia especial da cultura de tomate em cultivo protegido, reunindo dezenas de agricultores e técnicos.O Sítio Oitis transformou-se em uma verdadeira sala de aula.No campo, os produtores rurais receberam informações técnicas sobre a cultura do tomate e de outras hortaliças, o mercado de consumo e dados técnicos da unidade demonstrativa, além de uma análise econômica com custo e rentabilidade de uma área de dois mil metros quadrados, o equivalente a 20% de um hectare.
Alternativa
O ataque de pragas ao tomateiro na região motivou o produtor rural buscar alternativa de cultivo orgânico. "Na última safra perdi mais de 80% da colheita, além do custo com inseticida e da agressão ao meio ambiente", observou Vando de Souza. "Agora espero ter um lucro bom com o cultivo de tomate orgânico de qualidade".O apoio da Secretaria de Agricultura do Município de Jucás foi fundamental. Em parceria com uma empresa privada, surgiu a idéia de implantar um cultivo protegido com tela de nylon. Foi escolhida a variedade Fascínio híbrido F1, cultivada no sistema de semeadura em bandejas e transplantio, com irrigação por gotejamento. O ciclo de produção é de 120 dias. A primeira safra foi colhida na última semana de julho. A estimativa de produção foi de 17 mil quilos e o lucro foi em torno de R$ 10 mil, considerando o valor de venda da caixa de 25 Kg por R$ 20,00, embora o preço atual é o dobro, isto é, R$ 40,00. "Mesmo em um cenário com queda de preço pela metade ainda haverá um lucro de três mil reais", observa o secretário municipal de Agricultura, José Teixeira Neto.O cultivo apresentou alguns problemas como ataques de fungo em decorrência do excesso de umidade na unidade demonstrativa, mas foi corrigido o sistema de irrigação e a doença combatida com produtos orgânicos.
Ampliação
"O nosso objetivo é incentivar a agricultura familiar", frisou o prefeito, Helânio Facundo. "Temos projetos de fruticultura e de hortaliças que já ocupam importantes áreas em várzeas do Rio Jaguaribe, gerando emprego e ampliando a renda no campo", complementa.O secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira, destacou o empenho do vizinho Município em apoiar e desenvolver as atividades agropecuárias. "As ações aqui realizadas são exemplos para outras administrações", frisou. O gerente do Banco do Nordeste, Eugênio Augusto, deixou um recado para os produtores rurais: "A agricultura irrigada com assistência técnica dá certo e o banco tem recurso para financiar projetos. Só precisa haver iniciativas".Em Jucás, a agricultura familiar vem se expandindo com diversos projetos no setor agropecuário. "Há crédito, temos terra boa e água em abundância", observou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jucás, Hildon Lucas Bezerra. A perenização do Rio Jaguaribe graças a liberação de água do açude Arneiroz, modificou o cenário regional, ampliando o cultivo irrigado de frutas, grãos e hortaliças ao longo das várzeas.Recentemente, os produtores rurais do Município de Jucás passaram por capacitação técnica sobre práticas modernas de manejo, gerenciamento dos negócios e preservação ambiental.A Ematerce e outras instituições parceiras viabilizam os projetos agropecuários, favorecendo a agricultura familiar. O gerente do escritório da Ematerce em Jucás, Edmilson Cavalcante, defendeu a diversificação de cultura e lamentou a falta de adesão de alguns produtores ao programa de produção de frutas e hortaliças irrigadas. "Os projetos dão certo, há incentivo e o mercado é favorável, pois a produção sequer atende o mercado da região", afirmou Cavalcante.
Falta opção
Na região Centro-Sul, praticamente não há produção orgânica de frutas e hortaliças. No mercado de cada cidade, os consumidores não têm opção de escolha e acabam levando para casa frutos com índice de contaminação de agrotóxicos."Essa produção será vendida facilmente, mesmo com preço mais elevado em comparação com o tomate de cultivo tradicional", prevê Teixeira Neto. "Não haverá dificuldade para escoar a safra".
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com
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