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terça-feira, 19 de abril de 2011

Camarões orgânicos ajudam a preservar o mangue do Vietnã

A desembocadura do Rio Mekong, ramificada em centenas de afluentes, é uma das regiões mais férteis do Vietnã. Ao longo do rio, fazendas de camarões se revezam entre áreas agrícolas e vilarejos. Lá cresce o arroz, que transformou o Vietnã de país de famintos em grande exportador. Também são criados os camarões, que garantem trabalho e sustento. O país é um dos grandes exportadores do crustáceo.

Desmatamento

A vegetação de manguezal funciona como um dique de proteção contra enchentes. A malha de raízes protege contra o aumento da maré e a entrada de água salgada, regulando o clima e os níveis de água no local. Mas os manguezais vietnamitas têm sofrido com o desmatamento. Mais da metade das áreas de mangue desapareceu nas últimas décadas. Foram vítimas da necessidade: o país estava devastado após a Guerra do Vietnã e a maioria da vegetação de manguezal foi cortada para o uso da madeira. Assim como em outros países, há alguns anos os manguezais também estão sendo vítimas dos criadores de camarão. A área utilizada para a aquicultura às margens do Mekong cresceu mais do que dez vezes nos últimos 15 anos. O boom trouxe muito dinheiro à região, mas também consequências ao meio ambiente: animais e plantas perderam seu habitat, o solo foi salinizado e tornou-se improdutivo por muitos anos, antibióticos e química dos tanques de camarão contaminaram os lençóis freáticos.Camarões e manguezais, um paradoxo insuperável entre interesses econômicos e ecológicos? "Temos o modelo do futuro", afirma Stefan Bergleiter, membro da organização ambiental Naturland e especialista em aquacultura. Projetos internacionais para a revitalização dos manguezais existem desde o fim dos anos 1990. Mas a Naturland combina ao reflorestamento o incentivo à criação ecologicamente correta de camarões. "A ideia é apoiar o reflorestamento, mas também permitimos a continuidade da aquicultura", explica Bergleiter. Para obter a certificação ecológica da Naturland, os camarões devem ser criados sem aditivos químicos e ao menos metade da área utilizada para aquicultura deve conter também vegetação de manguezal. Portanto, quem quiser vender camarões orgânicos não pode desmatar ou precisa replantar árvores. Organizações independentes verificam regularmente o cumprimento destas diretrizes.

Viabilidade ecológica e econômica

"É o que faz mais sentido em termos ecológicos e econômicos e os fazendeiros acreditam cada vez mais nisso", diz Bergleiter. Frequentemente, são as fazendas já existentes que se convertem em orgânicas. Não tanto pela preocupação com o clima, mas por causa das vantagens econômicas palpáveis: camarões orgânicos necessitam de menos comida e são mais resistentes a doenças, argumenta Bergleiter. É possível vendê-los a preços mais altos e ainda obter lucro a partir dos manguezais. Mais de mil fazendas, em uma área total de 6200 hectares, estão certificadas pela Naturland, e o número está crescendo. "Em médio prazo, camarões orgânicos devem ser aregra e não a exceção", afirma Bergleiter. Há dez anos, a Naturland certificou as primeiras fazendas de camarão no Equador. Também já são criados camarões orgânicos no Peru, na Indonésia, em Mianmar e no Brasil. A Naturland não é a única que fornece certificações para aquicultura, mas é uma das mais reconhecidas. "Eles [Naturland] estão de olhos bem abertos para a questão", afirma Heike Vesper, especialista em pesca do WWF – uma das maiores organizações ambientais do mundo. Para Vesper, a criação de camarões continua problemática, mas as fazendas certificadas são, do ponto de vista ecológico, "de longe o melhor que há no mercado".


Fonte: http://www.dw-world.de/

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