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segunda-feira, 7 de março de 2011

Pesquisa comprova lucratividade e benefícios ambientais da produção de soja orgânica

O produtor rural Valdir Bologhnini não se arrepende de ter reservado uma parte de sua propriedade, em São Pedro do Ivaí, para produzir soja sem adubo químico e sem pesticida. “Convertido” ao cultivo orgânico há 10 anos, Bologhnini contabiliza lucros financeiros e benefícios ao meio ambiente, somando-se às 7.527 propriedades paranaenses que já abriram espaço para este tipo de cultura. A cada ano, desde 2002, elas aumentam em 20% a produção total de orgânicos do Paraná, destinada a um mercado cujo potencial é muito grande.
De acordo com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná colheu 124.323 toneladas de produtos orgânicos em 2009, em 12.821,51 hectares. Parceiro da Emater e um pioneiro no estudo da viabilidade da soja orgânica biodinâmica, Valdir Bologhnini é um entusiasta do assunto.
De acordo com o agricultor, o custo de produção de soja orgânica é equivalente ao da soja convencional, mas o preço de mercado chega a ser até 50% maior. “É lucro certo”, comemora Bologhnini. Mesmo em dias de alta de preços da soja convencional, a matemática continua favorável à orgânica. A cotação da primeira, na última sexta-feira (4) chegou a R$ 46,70, enquanto que a orgânica permanecia estável a R$ 64,00 – 37% a mais.
Valdir Bologhnini é parceiro da Emater e um pioneiro no estudo da viabilidade da soja orgânica biodinâmica. Dos 210 hectares da propriedade da família, 50 hectares abrigam a cultura e, há oito anos, são um laboratório de experimentos ao ar livre, onde são avaliadas as variedades de soja que melhor se adaptam ao sistema orgânico, as formas mais eficazes de combate a pragas e doenças e os índices de produtividade. A previsão para este ano é de que sejam colhidas em torno de 65 sacas por hectare cultivado, 11 a mais do que no ano passado.
Orientado pelo pesquisador do Iapar Ademir Calegari, especialista em plantas de cobertura para sistemas agroecológicosValdir optou pela produção de soja orgânica por plantio direto com rotação de culturas. “É o produtor que faz a validação tecnológica das pesquisas. E a propriedade do seo Valdir comprova como a rotação ajuda a enriquecer a vida no solo e evita o desperdício de insumos e de dinheiro”, avalia.
Para a produção de soja e milho, Calegari recomenda intercalar com o plantio de leguminosas, como a ervilhaca peluda e o nabo forrageiro, e gramíneas, como a aveia e o centeio. “Essas culturas proporcionam boa cobertura, enriquecem o solo e aumentam a fixação do nitrogênio, fundamental para manter a fertilidade”, diz.

SOS Natureza

Para combater pragas e doenças, o socorro vem da própria natureza. Um dos maiores vilões da cultura de soja é o percevejo. Em lavouras convencionais, os agricultores chegam a fazer nove aplicações de veneno para combatê-lo. A alternativa adotada na produção orgânica é colocar armadilhas feitas de garrafa pet com uma mistura de urina de vaca, sal e água. Usada desde o início da cultura, ela atrai os insetos, que entram na garrafa e acabam morrendo.
Para detectar a chegada da temível ferrugem asiática e permitir que o agricultor aja a tempo de evitar perdas, a Embrapa desenvolveu e está testando um coletor de esporos. O aparelho monitora a intensidade da presença do fungo e sinaliza a hora certa de iniciar a aplicação dos defensivos naturais.
Um deles é a calda bordalesa, feita de sulfato de cobre, cal e água limpa. A lagarta da soja também é combatida com seu inimigo natural – o baculovirus, também aplicado em calda, que garante a sanidade da soja.
“A divulgação dos resultados que vêm sendo obtidos na propriedade do seo Valdir são importantes para ajudar a mudar a mentalidade dos agricultores. Obter o controle de pragas sem herbicidas era inimaginável para o produtor que estava habituado a seguir as prescrições feitas para o cultivo tradicional”, avalia o agrônomo Vagner Mazeto, da Emater.

Desperdício

Pesquisas comprovam que a falta de avaliação das condições do solo antes do plantio está resultando em desperdício de fertilizantes e gasto desnecessário de dinheiro. “O agricultor está acostumado a aplicar o fertilizante de acordo com um calendário padronizado pela indústria. Mas as avaliações que fazemos individualmente nas propriedades mostram que, em grande parte delas, o solo já está muito rico em nutrientes e que a adubação para cumprir calendário resulta em desperdício e em gastos desnecessários”, afirma o coordenador da área de grãos da Emater, Nelson Harger.


Fonte:http://www.aen.pr.gov.br

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