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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Horta comunitária abastece várias creches no Guará

Guará- DF

A produção orgânica de hortaliças é uma realidade na QE38 do Guará. O espaço público abandonado, que antes era motivo de vergonha e até medo por boa parte da população, se transformou num pedaço do paraíso. Há quase quatro meses foi implantada num terreno de aproximadamente 2mil m² uma horta comunitária.
A iniciativa foi tão positiva que além de abastecer, ensinar e motivar os moradores das proximidades, a plantação ainda atende a mais de 600 crianças carentes, que passam o dia em creches. A área é um verdadeiro jardim, um jardim lindo e comestível! Nele trabalham em média 30 pessoas da comunidade, todas voluntárias e capacitadas por cursos oferecidos pela Emater, que é parceira da Administração Regional da cidade juntamente com a Gerência de Projeto Estratégico Pólos de Agricultura Orgânica e Urbana do GDF. Além de melhorar a estética, segurança e qualidade nutricional da população, o espaço tem servido também para integração dos moradores da região. Dona Gentileza Antônia Santos, de 77 anos é pura satisfação ao falar da horta: “Sou moradora do Guará há 34 anos, mas nunca me senti tão bem, estou aposentada e na minha casa moram sete pessoas, o que ganhamos aqui ajuda muito no orçamento familiar, sem contar que é uma diversão, eu já fiz todos os cursos que eles ofereceram”, revelou dizendo ainda: “Este pedaço de chão me dá mais saúde, tanto trabalhando quanto me alimentando com as hortaliças, pois sei que não têm agrotóxicos”, comemorou entre sorrisos a simpática senhora.
Segundo o administrador Joel Alves Rodrigues a resposta tem sido gratificante: “A área, que antes era um terreno baldio utilizado pelos moradores como depósito de entulho, agora dá lugar a um espaço que está sendo aproveitado como fonte de alimentação saudável. Inclusive estamos trabalhando para aumentar a produção de ervas medicinais e assim, contribuir também com o posto de saúde que fica aqui atrás”, afirmou a administrador ressaltando: “É gratificante saber que com um pouco de atenção e iniciativa é possível promover não só a integração da comunidade, bem como melhorar a qualidade de vida desta população que tinha um tremendo sentimento de inferioridade. Agora com cursos relacionados ao plantio e aproveitamento de alimentos eles se sentem mais úteis e importantes”, concluiu.
A horta comunitária que produz mostarda, couve-manteiga, rabanete, rúcula, beterraba, cebolinha, coentro, abobrinha, quatro tipos de alface: crespa, lisa, roxa e americana, além de ervas aromáticas e medicinais, como capuchinha, hortelã, orégano entre outros, já passou por três colheitas. No dia em que visitamos a horta foram colhidos mais de mil pés de folhagens. Segundo o engenheiro agrônomo, Rubens Solon Mendes, da administração, de agora em diante os produtos poderão ser colhidos semanalmente, pois foi feito um programa de escalonamento de plantio.
“Logo poderemos colher também abóbora italiana, agrião e ervas medicinais em quantidade”, afirmou o engenheiro. Rubens contabiliza os resultados: “A adubação da base foi muito bem elaborada, isso fez com que as plantas crescessem fortes e não sentissem tanto os fatores externos, como o excesso de chuvas”, ressaltou acrescentando que os produtos são 100% orgânicos, quer dizer, livres de qualquer tipo de produto químico.
Os alimentos produzidos são doados às creches do Guará e Lúcio Costa, segundo Joel, só nos últimos meses as entidades receberam cerca 120 maços de cheiro-verde e 35 kg de rabanete e beterraba. No terreno há também um salão comunitário, que funciona como ponto de apoio e local para realização de palestras e cursos de capacitação para a população. Os cursos são ministrados no local por técnicos da Emater. Muitas pessoas se aproximam da horta por curiosidade e acabam se apaixonando, tomam gosto pelo alimento produzido de forma orgânica e ajudam a preservar tanto o meio ambiente, quanto as áreas vazias da cidade.
As colheitas têm sido feitas com a ajuda dos moradores da região, que também levam um pouco dos produtos para casa. Algumas dessas pessoas participaram dos cursos oferecidos, mas outras têm ido até a horta levadas pela curiosidade e pela divulgação dos benefícios para a comunidade. Joel afirma que para o início do ano estão previstos novos cursos: ”vamos ministrar cursos de aproveitamento total dos alimentos, produtos orgânicos, alimentação saudável e desenvolvimento de hortas domésticas. Também serão distribuídas sementes e orientações técnicas pra quem participar do projeto”, concluiu.
Acompanhamos a entrega das hortaliças em uma das creches e foi possível observar que o objetivo inicial foi totalmente alcançado. Neusa Gomes, chefe de cozinha de uma das creches beneficiadas pelo projeto destaca: “Estes alimentos não têm preço. Porque além de nos ajudar financeiramente, temos a certeza de que não farão mal à saúde de nossos pequeninos. Aqui atendemos a 90 crianças e oferecemos quatro refeições diárias, se não houvesse este projeto da horta comunitária nossa situação ficaria muito difícil, pois vivemos de doação”, ressaltou a profissional.

Benefícios inquestionáveis

Capacitar os moradores e proporcionar oportunidades de ocupação e renda são os objetivos principais do programa. A unidade instalada na QE 38 servirá também como base didática para habilitar a comunidade não só na produção de alimentos sem agrotóxicos, mas principalmente no cultivo em pequenos espaços, sem esquecer do seu aproveitamento integral, visando uma alimentação saudável e evitando o desperdício. Além de ensinar a comunidade a se organizar e trabalhar em conjunto. Desta maneira terão também educação ambiental, participarão de terapia ocupacional para qualquer idade, basta que tenham interesse. Outra vantagem é que as escolas públicas também poderão utilizar a horta para desenvolver programas envolvendo os alunos nas atividades com a terra. A horta da cidade trabalhará inclusive com a produção de ervas medicinais, que serão utilizadas para o tratamento da comunidade, em parceria com o posto de saúde.

Fonte:Administração Regional do Guará

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