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domingo, 15 de novembro de 2009

Controle biológico de pragas e seu uso em cultivos protegidos

Diachasmimorpha longicaudata para controle de moscas-das-frutas

O controle biológico de insetos é definido como a ação de inimigos naturais sobre uma população de praga, a fim de mantê-la numa densidade populacional que não cause danos econômicos à cultura. Esta é uma estratégia particularmente interessante para ser incluída nos programas de controle de pragas de qualquer propriedade agrícola. Utilizam-se predadores, parasitóides (pequenas vespinhas) ou patógenos, nativos ou exóticos, multiplicados no laboratório e liberados posteriormente nas propriedades para controlar as pragas-alvo das culturas.
Algumas vantagens do uso do controle biológico sobre o químico são: a redução de exposição dos produtores e técnicos aos pesticidas; a ausência de resíduos nos alimentos; o baixíssimo risco de poluição ambiental; ausência de período de carência entre a liberação do inimigo natural e a colheita, e apreciação pelo público que demanda produtos livres de agrotóxicos.
Em 1970, o controle biológico no mundo era utilizado em cerca de 200 ha de cultivos protegidos; em 2000, passou para 15.000 ha e, em 2008, estava estimado em cerca de 25.000 ha. O número de agentes de controle biológico disponíveis no mercado mundial passou de dois, na década de 70, para cerca de 100, em 2000, para 800, em 2007, e para mais de 1000, previstos para 2009. A produção mundial desses agentes está concentrada na Europa (75%), devido, principalmente, à maior área com casas de vegetação e à tradição da pesquisa européia em controle biológico. Existe no mercado mundial, especialmente na Europa, um grande número de inimigos naturais disponíveis para uso em cultivos protegidos, dos quais 80% são empregados no controle de pragas em tomate, pepino e pimentão.
No Brasil, o controle biológico é utilizado em 8,7% das casas de vegetação e representado principalmente pelo uso de Bacillus thuringiensis, cujo produto comercial pode ser encontrado no mercado. Apesar de não se ter estatística da situação atual, estima-se que o controle biológico em ambientes protegidos (casa de vegetação, telados, túneis de plásticos) continue ainda restrito à utilização de B. thuringiensis e, eventualmente, à sua associação com o Trichogramma pretiosum, um parasitóide usado para o combate a várias pragas, principalmente em cana-de-açúcar e algodão. Isto se deve a diversas razões, mas em grande parte à falta de disponibilidade de agentes de controle biológico no mercado.
Poucos empreendedores se atrevem - ou se atreveram - a produzir e comercializar inimigos naturais no Brasil. Isto chega a ser um contrassenso, porque o mercado consumidor existe, pelo menos potencialmente. No momento, podemos encontrar poucas empresas constituídas com o fim de produção de agentes de controle biológico. Alguns exemplos são a Biocontrole (
www.biocontrole.com.br), a Itaforte (www.itafortebioprodutos.com.br), Megabio (www.megabio.com.br), a Bug Agentes Biológicos (www.bugbrasil.com.br), Biocontrol (www.biocontrol.com.br) e a Promip (www.promip.agr.br). Essas empresas - constituídas no Brasil - podem, sob encomenda, produzir inimigos naturais entomófagos (que comem pragas) e entomógenos (que causam doenças nas pragas) para os agricultores.
A população de inimigos naturais deve ser inicialmente introduzida de acordo com a espécie ou grupo de espécies de pragas que se deseja controlar. Para isso, predadores, parasitóides ou patógenos, nativos ou exóticos, são anteriormente multiplicados no laboratório. A liberação desses inimigos naturais criados em massa pode ser de forma inundativa, ou seja, soltos em grande número visando ao controle imediato; ou de forma inoculativa: também em grande número, mas objetivando, além do efeito imediato, a formação de uma população que seja capaz de controlar as gerações das pragas durante todo o período da cultura. Essa última alternativa é a mais adequada para plantios em casa de vegetação, visto que o cultivo ocorre durante todo o ano.
Para que o sucesso do controle biológico seja completo, é necessário, entre outros, que os inimigos naturais liberados encontrem condições de se manterem e se multiplicarem no interior da casa de vegetação ou na lavoura-alvo. Para que isso ocorra, deve-se fornecer ambiente e recursos adequados para os inimigos naturais. A adição de pólen nas plantas no início do ciclo da cultura, por exemplo, pode possibilitar o aumento e o estabelecimento da população dos predadores liberados antes que a praga surja na cultura.
Resultados positivos foram obtidos quando o pólen foi adicionado a plantas de pepino em casa de vegetação:

1) aumento populacional do ácaro predador Amblyseius degenerans, afetando negativamente a população do tripes F. occidentalis;

2) incremento na população de ácaros predadores que controlaram eficientemente a mosca branca Bemisia tabaci.


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