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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Petrópolis: Berço da Agricultura orgânica

Em um mundo ameaçado cada vez mais pelas mudanças climáticas, aquecimento global, redução das fontes de água potável e outros desequilíbrios ambientais, aumenta o interesse e a procura por tecnologias mais limpas e alternativas de vida mais saudáveis. Neste cenário destaca-se a agricultura orgânica que cultiva os alimentos de forma natural, sem a utilização de agrotóxicos, adubos químicos, hormônios, e antibióticos, contribuindo para preservação do meio ambiente, da soberania e segurança alimentar dos produtores e consumidores, bem como abre caminho para formas mais justas de produção e comercialização, tais como o comércio justo (fair trade). Em todo o mundo, os orgânicos movimentam mais de US$ 26 bilhões ao ano.No Brasil os negócios do setor já atingem a ordem de US$ 100 milhões. É um mercado que não para de crescer. Os europeus são os maiores consumidores, mas a demanda por alimentos orgânicos nos Estados Unidos, hoje, já supera a oferta. E no Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, o mercado de orgânicos cresce cerca de 50% ao ano, impulsionado pela busca dos consumidores por qualidade de vida. O Brasil já produz uma ampla gama de produtos orgânicos, desde hortaliças a grãos como a soja, milho e café, e frutas exóticas como mamão, banana, manga e inúmeras nativas da Amazônia. Além disso, tem aumentado também a produção de origem animal como carne bovina, queijos, ovos e leite, já disponíveis no mercado.
No entanto apenas 3% do território brasileiro está voltado para a produção de orgânicos, muito pouco quando comparado com a Áustria, que tem cerca de 20% de seu território ocupado com agricultura orgânica. A região Serrana, responsável pela produção de 70% das verduras, frutas e legumes do estado do Rio de Janeiro, é precursora do movimento dos orgânicos no estado e no país. Foi em Petrópolis, há 25 anos, que se iniciou o movimento em prol da agricultura orgânica e do desenvolvimento Sustentável, cujas premissas estão contidas na Carta de Petrópolis, elaborada em 1984, que sintetizou o pensamento de cerca de 1800 pessoas sobre o tema. A região de Brejal, em Petrópolis, foi uma das primeiras a implantar a agricultura orgânica no estado. Hoje cerca de 40 agricultores produzem e comercializam para os melhores restaurantes da região e da cidade do Rio de Janeiro.
É em Brejal que Claude Troisgros, conhecido chef francês, busca os produtos consumidos em seus restaurantes. Entusiasta da agricultura orgânica, passou de cliente a investidor. O aumento na produção vai gerar novos postos de trabalho e aumentar a renda dos produtores da região. No entanto, para que a agricultura orgânica possa, de fato, fortalecer segmentos como o da agricultura familiar, é preciso que se crie sistemas de garantia que assegure ao produtor condições para criação de um sistema produtivo mais justo e, ao consumidor, garantias de qualidade e origem do produto orgânico ofertado. Para que o agricultor aumente o valor agregado de seus produtos e tenha credibilidade no mercado, ele necessita de certificação que, geralmente, resulta em aumento dos custos da produção. Esse sobrecusto e as exigências das certificadoras, em alguns casos, chegam a inviabilizar as iniciativas de pequenos agricultores.


Fonte:(Geise Mascarenhas)Rede Jiló Press

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